segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Luxos em tempos de crise. Casa das Artes custará mais de 2 milhões de euros.



Na última reunião da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, realizada no dia 29 de Outubro, foi aprovado por maioria o Projecto de Arquitectura da Casa das Artes. A aquisição do terreno destinado a este equipamento, por um valor global da ordem dos 260 mil euros, tinha sido aprovada na reunião de Câmara de 5 de Agosto.

Na altura ficou claro que tão avultado investimento exige que o terreno fique adstrito ao equipamento público em causa e nunca se poderá admitir que o terreno seja alienado caso o financiamento para a sua construção não seja aprovado. Exige-se mesmo da parte da Câmara Municipal um compromisso de que tal não acontecerá.

Atendendo ao investimento já assumido para a aquisição do terreno e aos tempos de crise que vivemos, teria sido mais prudente abandonar a solução faraónica apresentada e ponderar um projecto mais modesto, adequado à dimensão de Miranda do Corvo e à capacidade financeira actual e futura do Município.

Desde a aprovação da aquisição do terreno, a situação do nosso País tem vindo a agravar-se, encontrando-se hoje Portugal a viver uma grave crise económica difícil de ultrapassar. Por essa razão, o Governo anunciou recentemente a necessidade de serem adoptadas medidas de austeridade que vão afectar a vida dos portugueses, das instituições, das empresas e também dos Municípios.

Assim, em tempos de crise e de grande contenção, com cortes orçamentais já anunciados para 2011, o Município de Miranda do Corvo prepara-se para fazer um investimento "grandioso" numa obra megalómana com um custo superior a 2 milhões de euros, o que representa mais de metade das despesas anuais de investimento do Município e irá conduzir a um grande desequilíbrio nas contas municipais.

A Presidente Fátima Ramos e o seu executivo do PSD são assim os únicos responsáveis por este investimento tão avultado e desajustado, um autêntico luxo em tempos de crise. Caso o financiamento para a construção da Casa das Artes não seja aprovado, o que inviabilizará a sua construção, entende-se que o terreno, além de não poder ser alienado, deverá ser consignado exclusivamente a um equipamento público municipal.

Por fim, para que esta obra avance exige-se que o esforço financeiro necessário à sua construção não dê origem a cortes orçamentais que possam conduzir à inviabilização ou adiamento doutros investimentos socialmente mais prioritários para os Mirandenses.

___________________

Consulte AQUI a Declaração de Voto apresentada pelos Vereadores do PS na reunião de Câmara.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não sou contra o desenvolvimento do concelho, nem contra obras de grande porte. No entanto, esta em particular, deixa-me incomodada. Não consigo entender como é que não se contruiu o centro educativo no local onde se irá edificar esta casa. Um local com boa exposição solar, num sitio que não é lúgubre e com uma boa localização geográfica. Não posso compreender, e recusio-me a aceitar que se tratem assim as nossas crianças. Não está certo! Se uma Casa das Artes não é um edificio de uso quotidiano, se é para exposições, seja o que for, poderia sim ser construído no local onde está o centro educativo. Agora resta a questão:
quem é que se está a beneficiar com esta edificação?
Pensem amigos, pensem.
È esta a lição que querem dar às crianças, futuros homens e mulheres de Miranda?
È uma vergonha, um desrespeito!
Sou visceralmente contra este despotismo de gravata e descarado, tratando os mirandenses como se fossem todos "lesionados mentais" .
Tenho dito
Anabela Esteves